quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A PRAGA DO INFOMERCIAL.

Sabe os infomerciais? Aqueles intervalos pagos, nas piores emissoras, nos piores horários? Tipo Madrugadão Legal, Amanhecendo com a Fé, Tardes de Culinária & Variedades, Fofocas do Fim da Tarde? Pois é. O infomercial prolifera nesses espaços de sobra das emissoras, como uma praga de lavoura. Uma guanxuma, uma tiririca (você arranca o mato, arranca a raiz, mas a maldita rebrota), ou um funk novo no rádio, tipo "Pancadão". Ou, na propaganda, os efeitos especiais em demasia nos vídeos, as overdoses de verniz de reserva nas peças gráficas, a invasão de folhetinhos de imobiliária nas esquinas, enfim, infomercial é como essas outras pragas. São 3 intermináveis e torturantes minutos com um apresentador falante e canastrão, com o bom humor utópico de um palestrante de neurolinguística e o carisma de um apresentador de TV de programa de domingo, vendendo com uma locução acelerada estilo Jockey Club as maiores inutilidades que se possa imaginar, com aquelas dublagens de vídeos americanos de quinta categoria que veiculam no Arkansas, Tenessee, Milhwaukee e outras paragens cowntry da terra de Tio Sam. Tem uma profusão de equipamentos de ginástica apresentados por saradonas e bombadões, nos mais bizarros estilos e formas: rodas, triângulos, aros, varetas, tudo o que se possa imaginar. Meias que não desfiam nem com bomba nuclear. Facas que cortam aço, rochas, câmeras que têm mais de 30 funções inúteis, e, a pérola desta matéria, as Iscas Banjo Minow. (se pudesse eu deixaria esta parte piscando, bem varejo brega, em flash). Gente! Essa tal de Banjo Minow é uma marca de iscas artificiais para pesca amadora em mar e água doce, cujas virtudes são glorificadas por um típico pescador de trutas americano de fly fishing (uma técnica pouco difundida na pesca esportiva no Brasil), que nada tem a ver com o universo tropical que envolve a pescaria de um dourado no Pantanal, um tambaqui ou tucunaré na Amazônia. Bem gringo, mesmo, com uma truta ao lado capturada com uma dessas iscas artificiais, que para conseguir enquadrá-la no vídeo, foi preciso fazer plano americano com grua e utilizando grande angular. A truta devia ter uns 15 metros!!! (risos). Bom, tem iscas Banjo Minow de todo jeito: que piscam, que rebolam, que dançam axé, "moon walk", break, cintilam, pulsam, brilham, vibram, emitem sons, cheiros, enfim, que imitam perfeitamente um peixe do habitat do predador em um dia de Carnaval. Nunca vi tantas iscas! Eles começam vendendo 12 iscas, mas ficam naquela de "- Não responda ainda..." e aí oferecem mais iscas de bônus, e vão indo nesse "xaveco" manjadérrimo até chegar a um número astronômico de iscas! É isca artificial que não acaba mais. E não responda ainda, porque vem também um big estojo Banjo Minow, um Manual de Pesca Artificial, um Vídeo de Treinamento de Pesca com Isca Artificial, um puçá, uma luva, um boné e um colete! É o máximo que a Humanidade pode almejar. É o Kit Banjo Minow! Sua vida vai mudar com ele! Raciocinem comigo: se a pessoa pescar, como hobby a cada quinzena, por exemplo, utilizando uma isca por pescaria, teria que viver pelo menos 3 encarnações para experienciar todas as iscas deste faraônico estojo! Infomercial é isso. Uma isca para as pessoas caírem feito um peixinho. E os empresários nadarem em dinheiro, não importa o nível de qualidade do que vai para os telespectadores.

ZAP neles!

Caio Teixeira é redator, escritor e também já atuou como diretor de criação em várias agências em 30 anos de carreira, atendendo a todo tipo de job, desde anúncio de cachorro perdido até grandes campanhas, algumas adaptadas para toda a América Latina. Hoje, vive com o dedo engatilhado na tecla ZAP do controle remoto da TV, pronto para fugir do primeiro infomercial que apareça pela frente. http://teixeiracaio.sites.uol.com.br

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