Já notaram a expressão de espanto, asco, nojo até, quando o atendimento vê uma campanha criativa e ousada? Este fato é mais corriqueiro do que vocês pensam, no universo das agências. Mas para chegar a esta cena, são necessários intermináveis minutos de pseudo-reflexão, as mãos no queixo, a famosa “cara de conteúdo”,
testa franzida, olhar arregalado, como que a perscrutar, imergir profundamente
no que está sendo analisado.
Depois que o cérebro atrofiado processa lentamente a informação visual e tenta entrar
na rede de sinapses dos neurônios, aí a coisa complica mais. Surge finalmente a citada expressão de espanto, repulsa, nojo, asco, como se os layouts estivessem contaminados com lepra. Daí, vem a expressão negativa de recusa da campanha, porque, segundo
a profunda análise, mesclada com o medo do novo e a dificuldade de explicar um conceito fora do convencional, a campanha transgride os padrões ético-morais da sociedade,
da “cultura” do cliente e uma série de “blá-blá-blás” que tentam justificar o injustificável: NÃO ENTENDEU A CAMPANHA.
Por isso, quando cada um de nós se deparar com uma campanha convencional, antes de condenar a equipe de criação, tente imaginar que eles tiveram boa vontade, mas passaram pelo Tribunal de Inquisição, o terrível comitê do planejamento e atendimento das agências. Um julgamento onde você é condenado sem direito a defesa.
E depois, é fácil chegar à conclusão da ausência de criatividade na maioria
das peças de comunicação, do Oiapoque ao Chuí.
Criatividade não é doença. É cura.
Caio Teixeira é redator, escritor e também já atuou como diretor de criação em várias agências em 30 anos de carreira, atendendo a todo tipo de job, desde anúncio de cachorro perdido até grandes campanhas, algumas adaptadas para toda a América Latina.http://teixeiracaio.sites.uol.com.br