quarta-feira, 16 de setembro de 2009
NADA COMO UM ELOGIO DO MESTRE AO BLOG.
O blog é muito divertido, informático e
(como não podia deixar de ser)
bem escrito.”
Abs, Roberto Duailibi
DPZ
SOU TÃO BEM-HUMORADO QUE DOU BOM DIA ATÉ PRA PEIXINHO EM PET SHOP.
O VÍRUS INFLUENZA PUBLICITARIUM
É um vírus muito comum, acometendo todas as pessoas que desde a infância são admiradoras desta glamourosa profissão, ou que os pais ou parentes próximos são publicitários e acabam transmitindo o vírus. É o meu caso. Filho de publicitário, que era redator, diretor de criação e depois dono de agência,
Caio Teixeira é redator, escritor e também já atuou como diretor de criação em várias agências em 30 anos de carreira, atendendo a todo tipo de job, desde anúncio de cachorro perdido até grandes campanhas, algumas adaptadas para toda a América Latina. Até hoje, continua contaminado pelo vírus publicitário, em estágio grave. http://teixeiracaio.sites.uol.com.br
A PRAGA DO INFOMERCIAL.
Sabe os infomerciais? Aqueles intervalos pagos, nas piores emissoras, nos piores horários?
ZAP neles!
Caio Teixeira é redator, escritor e também já atuou como diretor de criação em várias agências em 30 anos de carreira, atendendo a todo tipo de job, desde anúncio de cachorro perdido até grandes campanhas, algumas adaptadas para toda a América Latina. Hoje, vive com o dedo engatilhado na tecla ZAP do controle remoto da TV, pronto para fugir do primeiro infomercial que apareça pela frente. http://teixeiracaio.sites.uol.com.br
terça-feira, 21 de julho de 2009
É PRECISO AMAR AS CAMPANHAS COMO SE NÃO HOUVESSE O AMANHÃ.
Com esta menção-homenagem ao grande músico, poeta e lenda do rock'n'roll Renato Russo, eu falo todo dia para os estagiários e os que estão começando nas agências onde peregrino nestes últimos anos, que eles devem dar o máximo de si. Buscar o novo, o ousado, o criativo, sempre. Seja inspirado em Renato Russo ou Romero Brito, no silêncio ou no grito. Em Estocolmo ou Azerbaijão. Rock ou baião. E fazer cada job render peças ousadas, diferentes, obras-de-arte, sempre.
Não se acomodar nunca à visão simplista, cômoda, pragmática e reducionista de muitos que concluem amargamente:
" - Ah! O cliente quer sempre coisas simples, então, pra que perder tempo?
É só fazer o primeiro logotipo que vem à cabeça, a primeira ideiazinha que já tem aquela foto separada do Banco de Imagem. Facinho. Em 15 minutos tá pronto."
E tá mesmo. Afinal, uma execução sempre é trágica. Por isso, tem que matar a peça o mais rápido possível mesmo.
Caio Teixeira é redator, escritor e também já atuou como diretor de criação em várias agências em 30 anos de carreira, atendendo a todo tipo de job, desde anúncio de cachorro perdido até grandes campanhas, algumas adaptadas para toda a América Latina. Hoje, fez este texto mais curto que os outros, não para matar rápido, mas porque o assunto é tão conclusivo, que não precisa de muito texto pra convencer. http://teixeiracaio.sites.uol.com.br
PRA SABER MINHA IDADE, SÓ COM TESTE DE CARBONO C-14.
Olha, se alguma felizarda agência quiser os préstimos de um profissional de criação e redator com muita, mas MUUUUITA experiência mesmo, tá aqui um. Nem me lembro mais quando nasci. Com certeza, há bem mais tempo do que os 10.000 anos do Raul Seixas, e o meu surgimento só pode ser datado com precisão pelo teste com Carbono C-14, pelo Departamento de Arqueologia da USP, que detecta as eras geológicas às quais os fósseis pertencem. Nasci no Período Pré-Cambriano, quando não tinha nem os dinossauros. Sou Pré- Mick Jagger e Keith Richards! Um fóssil vivo, como um Alligator da Flórida ou um Dragão de Komodo da Indonésia. E assim fui acompanhando a evolução da fauna e da flora do planeta, das espécies, do clima.
Rango, só frutas, raízes e uma perninha de javali de vez em quando. Me lembro que nessa época vieram uns diretores de arte esquisitos, meio barbudos, mas que faziam belíssimos layouts nas cavernas (as agências na época). Desenhavam com perfeição bisões, alces, gente dançando, e até fazendo sexo grupal!!!!! E cliente, se pegava com borduna!
Aí eu comecei a redigir uns textos, a princípio com a escrita cuneiforme dos sumérios, depois com os hieróglifos egípcios. Cara, como tinha job naquela época! A gente trabalhava como um camelo, sempre entrava areia no negócio, mas tinha lá suas compensações: os salários, por exemplo, eram faraônicos, pra compensar a falta de talento de um monte de múmias paralíticas que estavam na profissão por contingência, apenas. Poderiam ser o que hoje equivaleria a donos de pet shops, postos de gasolina, fábrica de edulcorantes para doces ou loja de equipamentos de proteção industrial.
Mais pra frente, pra compreender melhor o mundo, estudei Filosofia com um tal de Sócrates, que, tadinho, acabou se suicidando tomando sicuta. E aprendi muito também com outro tiozinho, como era mesmo o nome dele? Ari... Aristóteles! Isso!
E assim, escrevi um monte de coisas bonitas, aprendi a dialética, os sofismas, a lógica, a ontologia e outros nomes difíceis que só os filósofos entendem. Duvidam? Tem um texto de Kant, cujo título é, pasmem: "PROLEGÔMENOS ANTE QUALQUER TENTATIVA DE DIALÉTICA FUTURA! Depois, fui escrevendo cartas para reis. Enchia o saco escrever tanta carta pra reis, aquela coisa toda de botar selinho com cera quente, que queimava as mãos, sempre! E na Idade Média, não tinha jeito: se o neguinho era redator e queria trampar em agência, só poderia ser na Casa do Vaticano. E quem aprovava tudo era o Papa. Não adiantava se queixar pro bispo. Mandar o dono da agência pro inferno, nem pensar! Era Inquisição na certa, inclusive com torturas hediondas como ouvir Pagode, Axé Music, Funk de Morro ou Dancinha do Quadrado no último volume. Mas o pior era mesmo ter que mudar alguns trechos da Bíblia e outros escritos, por exigência dos clientes, fora a Censura, que era pior do que nos tempos da Ditadura Militar. Galileu que o diga. E se fosse mulher e fizesse algum chá que fosse um pouquinho fora dos padrões da época, já era. Todo mundo chamava de Bruxa e o destino era morrer queimada na fogueira, como a coitada da Joanna D'Arc.
Ser redator na Idade Média era como você ter um cliente que manipulasse completamente teu texto e tua criação, desvirtuando-os do caminho original. Mas aí vieram o Humanismo, as luzes. E com eles, o descobrimento de novas formas de pensar, novos desafios. Eu fui seduzido nesta época, pelo bom português, para acompanhar as Caravelas até um lugar chamado Brasil. E não tinha opção. Se quisesse trampo, ou era Brasil, ou tinha que ir pra África, enfrentar o Nizan Guanaes.
Claro que escolhi o Brasil.
Cara, não era um voozinho de 6, 7 horas, não. Eram meses e meses! Aquelas caravelas no mar, enjôo direto, neguinho bêbado cantando insuportáveis e melosos fados, quase não havia mulher, e as poucas que tinham eram com bigode!!!! O povo não tomava banho, uma loucura! Mesmo assim, escrevi um texto bem legal, uma carta, que depois o meu diretor de criação assumiu como autoria dele (um tal de Pero Vaz de Caminha). Lá na agência do Brasil, era tudo diferente. Tinha umas índias bonitinhas, bem bronzeadinhas, praias maravilhosas. Todo mundo queria Leão, apesar de só ter onça. E em fevereiro, não se pensava em outra coisa senão o Carnaval, que foi criado para alegrar a galera, fazer o povo esquecer a opressão da Coroa Portuguesa e gerar emprego para redatores como eu criarem os temas, e pros diretores de arte, fazerem os adereços, as fantasias etc. Hoje, muito tempo se passou. Vi a mudança da prancheta, do rough a lápis, do scratch-board, das manchas de layout com guache Winsor & Newton e pincéis de pelo de marta, para a radical transformação com os computadores, as workstations, o universo virtual. Muita coisa mudou. Mas um detalhe continua o mesmo, em meu íntimo: o entusiasmo pela profissão. E confesso que, apesar de me considerar com muito orgulho uma espécie de Matusalém da Propaganda, ainda estou tão antenado quanto os mais jovens das tribos de vanguarda por aí. A única coisa que atesta minha hiperlongevidade é quando eu comento alguns seriados com a moçada "Pós-Lost" nas agências. Eles me olham com expressão atônita, quando comento sobre Ivanhoé - o Cavaleiro Destemido, Flash Gordon, Bat Masterson, Túnel do Tempo, Perdidos no Espaço, Viagem ao Fundo do Mar, National Kid contra os Incas Venusianos, Vigilante Rodoviário, Rin-Tim-Tim, Autorama, Forte Apache.
É... acho que não tenho idade. Tenho eras vividas. E qualquer oitentona pra mim é gatinha.
Caio Teixeira é redator, escritor e também já atuou como diretor de criação em várias agências em 30 anos de carreira, atendendo a todo tipo de job, desde anúncio de cachorro perdido até grandes campanhas, algumas adaptadas para toda a América Latina. Hoje, procura unir esta experiência com a ousadia do novo, e ainda se sente como se tivesse 15 anos, fugindo de bingos, víspora, bocha, quermesses e praças públicas como o diabo foge da cruz. http://teixeiracaio.sites.uol.com.br
quinta-feira, 16 de julho de 2009
A SOCIEDADE IMAGÉTICA E A INFORMAÇÃO INSTANTÂNEA.
Uma imagem vale mais do que mil palavras. Pode ser desalentador para redatores como eu, que sempre tiveram os títulos em destaque e laudas de texto que pareciam livros, de tão extensos, estampados em layouts onde as imagens (ilustrações ou fotos) eram meros coadjuvantes. Mas os diretores de arte se vingaram, e a comunicação mudou. Ela hoje privilegia a imagem sobre o texto, e isto quando tem texto! Até meu portifolio se rendeu a esta dança, e tem um anúncio pro Green Peace que segue esta tendência: imagem de um peixe do Pantanal, com uma máscara antipoluição e assinatura. Só. E diz tudo.
Esta tendência não surgiu do nada. É fruto de nossa sociedade imagética, que gera um verdadeiro congestionamento de ícones e mensagens bombardeando as pessoas diariamente. Parece a Avenida 23 de Maio em São Paulo na hora do rush. Esta superexposição de imagens está presente em tudo: na TV, celular, computador, outdoor, adesivações em lugares inimagináveis, ações de guerrilha com um grupo de teatro em intervenção urbana, malas diretas com o nome da própria pessoa, enfim, este fantástico e sedutor universo multimídia faz com que as mensagens sejam cada vez mais instantâneas, e neste exercício de síntese, elas devem ser resumidas ao máximo. Isto por um lado é bom, porque nos dá uma visão panorâmica e geral do mundo, do ponto de vista de diferentes culturas que a globalização e a internet (e hoje o Twitter, Facebook e demais redes de relacionamento), aproximou. E mais do que aproximar, promoveu a interatividade, superando o velho conceito de McLuhan, de emissor-receptor, para ação – interatividade – reação. As mensagens publicitárias são cada vez mais adaptadas a esta linguagem. Quando tem um título, é curto, e diz tudo, sem a necessidade de um texto complementar. E nos vídeos, a síntese também é a tônica. Muitas imagens, cortes rápidos, histórias óbvias. A dinâmica dos vídeos e filmes segue o mesmo estilo de Hollywood, com cenários incríveis, muitos cortes e histórias fáceis, em contraposição a uma estética mais de cinema europeu, reflexivo, denso.
Isto gera um questionamento essencial: até que ponto esta instantaneidade da informação não suprime um aprofundamento maior do conteúdo?
E até que ponto a informação não vem pré-digerida demais, sem abrir espaço a um questionamento maior do que é percebido?
Os noticiários de TV passam tudo o que aconteceu, de forma enlatada. “o mundo é assim, fulano é o bonzinho, sicrano o mauzinho e a tendência é x.”
Tudo pronto. A pessoa não precisa nem pensar. Pesquisa escolar ou de trabalho? No buscador da internet, em segundos vem o que a pessoa procura, e aí é só mover os dedinhos nas teclas “Control C” e “Control V”. Fácil. Mas esta dinâmica vertiginosa das comunicações não pode descuidar da essência, que é a informação como conhecimento. É preciso promover um equilíbrio entre informação e entretenimento, e isto serve tanto para os veículos de comunicação quanto para as agências, com suas campanhas. Não abdicar nunca do debate, da informação, da curiosidade, do bom roteiro e da boa ideia (agora sem acento, mais essa!!!) que supera qualquer efeito especial, qualquer 3D, qualquer verniz de reserva, que, como toda droga, vicia, ilude, mas não resolve nenhum problema e ainda faz mal. Chegou a hora de nos desintoxicarmos desta síntese que tem até uma boa embalagem, mas é vazia por dentro. Porque senão, o homem vai deixar de falar para se comunicar por mímica (o primeiro passo desta involução é a linguagem telegráfica do MSN). E daí, vai deixar de ser comunicação e ficar mais próximo do “uga-uga” do Tempo das Cavernas.
Ler não dói. Não passa doença contagiosa.
E cultura não é só o próximo passinho que vão inventar no Carnaval.
Caio Teixeira é redator, escritor e também já atuou como diretor de criação em várias agências em 30 anos de carreira, atendendo a todo tipo de job, desde anúncio de cachorro perdido até grandes campanhas, algumas adaptadas para toda a América Latina. E ainda lê livros!!!.http://teixeiracaio.sites.uol.com.br