quarta-feira, 16 de setembro de 2009

NADA COMO UM ELOGIO DO MESTRE AO BLOG.

“Caio, parabéns!
O blog é muito divertido, informático e
(como não podia deixar de ser)
bem escrito.”

Abs, Roberto Duailibi
DPZ

SOU TÃO BEM-HUMORADO QUE DOU BOM DIA ATÉ PRA PEIXINHO EM PET SHOP.

Pense em um cara bem-humorado. Aquele que, quando a conta do banco estoura, quando o cheque do pagamento é devolvido, quando acorda atrasado com torcicolo, sai a pé em pleno temporal, abre o guarda-chuva chinês e as varetas ordinárias quebram, molhando todo, e ainda por cima o carro passa numa poça na avenida e dá outro banho, e ainda assim a pessoa sorri, ante os olhares atônitos dos demais pedestres? Pois é. Eu sou assim. Até lembro aqueles personagens bem clichês de propaganda de clínicas odontológicas ou de implantes, tipo “Sorria Para a Vida”. Um diretor de arte amigo meu já disse que eu sou irritantemente bem-humorado desde as primeiras horas da manhã. E é verdade. As pessoas até estranham de eu falar “bom dia” para o cobrador do ônibus, o motorista do táxi, o embalador e a moça do caixa do supermercado. Todos estranham. Porque NINGUÉM, hoje em dia, nesta face da Terra, fala bom dia. Os homens parecem ter azia e ressaca permanentes. As mulheres, aquela expressão sisuda e sofrida de cólicas eternas. E os gays, aquele olhar de tédio.E eu, pareço ter saído de uma câmara hiperbárica! Sou um estranho no ninho, como no clássico filme. Sorrio sempre. Mesmo quando o cliente altera meu texto (pra pior), quando o atendimento não passa briefing, quando a gente apresenta uma campanha completa que demorou dias e o cliente fala que só quer fazer uma malinha direta, e o logotipo, o filho dele, que tem uma versão (ou será aversão) do Corel, faz de graça. Nada disso, nada na face da Terra, nem a Dança do Quadrado ou o Big Brother me tiram o humor. Graças a Deus, que também deve estar dando risada, de tanta gente mal-humorada que tem por aí.

O VÍRUS INFLUENZA PUBLICITARIUM

É um vírus muito comum, acometendo todas as pessoas que desde a infância são admiradoras desta glamourosa profissão, ou que os pais ou parentes próximos são publicitários e acabam transmitindo o vírus. É o meu caso. Filho de publicitário, que era redator, diretor de criação e depois dono de agência, fui facilmente contaminado, desde tenra idade.. E você sabe, este vírus Influenza Publicitarium (Influência Publicitária, traduzindo do latim), não tem cura. A partir do momento em que pegou, já era. Vai morrer publicitário. E publicitário não é só uma profissão. É uma doença mesmo. Você não consegue se desligar. Mesmo fora da agência, lá estou eu, anotando uma idéia nova no trânsito, no banheiro, no barzinho tomando uma cerveja, acordando às 3 da manhã para fazer um rough.Vou ao cinema e fico observando os enquadramentos diferentes, seqüências, planos, trilhas e argumentos originais para aplicar nas campanhas. Vou ao shopping e fico vendo o material de PDV, a arquitetura promocional.Vou ao parque e fico imaginando como aproveitar os espaços publicitários de lá.Vejo o cardápio do restaurante e tento na minha imaginação mudar a diagramação do menu, as cores, até o nome do estabeleciomento. E até no motel, para excitar, uma revistinha Archive vai bem. Isto é, vivo, penso, respiro, sonho e transpiro propaganda. Na internet, os assuntos de comunicação não estão nem nos Favoritos. Estão nos Essenciais. E provavelmente, quando eu deixar este planeta, migrarei para algum lugar no plano espiritual que é mais ou menos como uma agência. Porque publicitário não morre. Dá um tempo. Mas aí, espero que lá só tenha o lado bom. Que os anúncios não sejam fantasmas. Que as relações sejam transparentes. Que os conceitos evoluam. Que os mídias virem médiuns. Que os profissionais sejam Justus. E que a gente possa reencarnar como leão. De Cannes. Nem que pra isso a gente tenha que se transformar de peixe em cachorro. Afinal, a propaganda é a alma do negócio.

Caio Teixeira é redator, escritor e também já atuou como diretor de criação em várias agências em 30 anos de carreira, atendendo a todo tipo de job, desde anúncio de cachorro perdido até grandes campanhas, algumas adaptadas para toda a América Latina. Até hoje, continua contaminado pelo vírus publicitário, em estágio grave. http://teixeiracaio.sites.uol.com.br

A PRAGA DO INFOMERCIAL.

Sabe os infomerciais? Aqueles intervalos pagos, nas piores emissoras, nos piores horários? Tipo Madrugadão Legal, Amanhecendo com a Fé, Tardes de Culinária & Variedades, Fofocas do Fim da Tarde? Pois é. O infomercial prolifera nesses espaços de sobra das emissoras, como uma praga de lavoura. Uma guanxuma, uma tiririca (você arranca o mato, arranca a raiz, mas a maldita rebrota), ou um funk novo no rádio, tipo "Pancadão". Ou, na propaganda, os efeitos especiais em demasia nos vídeos, as overdoses de verniz de reserva nas peças gráficas, a invasão de folhetinhos de imobiliária nas esquinas, enfim, infomercial é como essas outras pragas. São 3 intermináveis e torturantes minutos com um apresentador falante e canastrão, com o bom humor utópico de um palestrante de neurolinguística e o carisma de um apresentador de TV de programa de domingo, vendendo com uma locução acelerada estilo Jockey Club as maiores inutilidades que se possa imaginar, com aquelas dublagens de vídeos americanos de quinta categoria que veiculam no Arkansas, Tenessee, Milhwaukee e outras paragens cowntry da terra de Tio Sam. Tem uma profusão de equipamentos de ginástica apresentados por saradonas e bombadões, nos mais bizarros estilos e formas: rodas, triângulos, aros, varetas, tudo o que se possa imaginar. Meias que não desfiam nem com bomba nuclear. Facas que cortam aço, rochas, câmeras que têm mais de 30 funções inúteis, e, a pérola desta matéria, as Iscas Banjo Minow. (se pudesse eu deixaria esta parte piscando, bem varejo brega, em flash). Gente! Essa tal de Banjo Minow é uma marca de iscas artificiais para pesca amadora em mar e água doce, cujas virtudes são glorificadas por um típico pescador de trutas americano de fly fishing (uma técnica pouco difundida na pesca esportiva no Brasil), que nada tem a ver com o universo tropical que envolve a pescaria de um dourado no Pantanal, um tambaqui ou tucunaré na Amazônia. Bem gringo, mesmo, com uma truta ao lado capturada com uma dessas iscas artificiais, que para conseguir enquadrá-la no vídeo, foi preciso fazer plano americano com grua e utilizando grande angular. A truta devia ter uns 15 metros!!! (risos). Bom, tem iscas Banjo Minow de todo jeito: que piscam, que rebolam, que dançam axé, "moon walk", break, cintilam, pulsam, brilham, vibram, emitem sons, cheiros, enfim, que imitam perfeitamente um peixe do habitat do predador em um dia de Carnaval. Nunca vi tantas iscas! Eles começam vendendo 12 iscas, mas ficam naquela de "- Não responda ainda..." e aí oferecem mais iscas de bônus, e vão indo nesse "xaveco" manjadérrimo até chegar a um número astronômico de iscas! É isca artificial que não acaba mais. E não responda ainda, porque vem também um big estojo Banjo Minow, um Manual de Pesca Artificial, um Vídeo de Treinamento de Pesca com Isca Artificial, um puçá, uma luva, um boné e um colete! É o máximo que a Humanidade pode almejar. É o Kit Banjo Minow! Sua vida vai mudar com ele! Raciocinem comigo: se a pessoa pescar, como hobby a cada quinzena, por exemplo, utilizando uma isca por pescaria, teria que viver pelo menos 3 encarnações para experienciar todas as iscas deste faraônico estojo! Infomercial é isso. Uma isca para as pessoas caírem feito um peixinho. E os empresários nadarem em dinheiro, não importa o nível de qualidade do que vai para os telespectadores.

ZAP neles!

Caio Teixeira é redator, escritor e também já atuou como diretor de criação em várias agências em 30 anos de carreira, atendendo a todo tipo de job, desde anúncio de cachorro perdido até grandes campanhas, algumas adaptadas para toda a América Latina. Hoje, vive com o dedo engatilhado na tecla ZAP do controle remoto da TV, pronto para fugir do primeiro infomercial que apareça pela frente. http://teixeiracaio.sites.uol.com.br

terça-feira, 21 de julho de 2009

É PRECISO AMAR AS CAMPANHAS COMO SE NÃO HOUVESSE O AMANHÃ.

Com esta menção-homenagem ao grande músico, poeta e lenda do rock'n'roll Renato Russo, eu falo todo dia para os estagiários e os que estão começando nas agências onde peregrino nestes últimos anos, que eles devem dar o máximo de si. Buscar o novo, o ousado, o criativo, sempre. Seja inspirado em Renato Russo ou Romero Brito, no silêncio ou no grito. Em Estocolmo ou Azerbaijão. Rock ou baião. E fazer cada job render peças ousadas, diferentes, obras-de-arte, sempre.

Não se acomodar nunca à visão simplista, cômoda, pragmática e reducionista de muitos que concluem amargamente:

" - Ah! O cliente quer sempre coisas simples, então, pra que perder tempo?

É só fazer o primeiro logotipo que vem à cabeça, a primeira ideiazinha que já tem aquela foto separada do Banco de Imagem. Facinho. Em 15 minutos tá pronto."

E tá mesmo. Afinal, uma execução sempre é trágica. Por isso, tem que matar a peça o mais rápido possível mesmo.

Caio Teixeira é redator, escritor e também já atuou como diretor de criação em várias agências em 30 anos de carreira, atendendo a todo tipo de job, desde anúncio de cachorro perdido até grandes campanhas, algumas adaptadas para toda a América Latina. Hoje, fez este texto mais curto que os outros, não para matar rápido, mas porque o assunto é tão conclusivo, que não precisa de muito texto pra convencer. http://teixeiracaio.sites.uol.com.br

PRA SABER MINHA IDADE, SÓ COM TESTE DE CARBONO C-14.

Olha, se alguma felizarda agência quiser os préstimos de um profissional de criação e redator com muita, mas MUUUUITA experiência mesmo, tá aqui um. Nem me lembro mais quando nasci. Com certeza, há bem mais tempo do que os 10.000 anos do Raul Seixas, e o meu surgimento só pode ser datado com precisão pelo teste com Carbono C-14, pelo Departamento de Arqueologia da USP, que detecta as eras geológicas às quais os fósseis pertencem. Nasci no Período Pré-Cambriano, quando não tinha nem os dinossauros. Sou Pré- Mick Jagger e Keith Richards! Um fóssil vivo, como um Alligator da Flórida ou um Dragão de Komodo da Indonésia. E assim fui acompanhando a evolução da fauna e da flora do planeta, das espécies, do clima.

Rango, só frutas, raízes e uma perninha de javali de vez em quando. Me lembro que nessa época vieram uns diretores de arte esquisitos, meio barbudos, mas que faziam belíssimos layouts nas cavernas (as agências na época). Desenhavam com perfeição bisões, alces, gente dançando, e até fazendo sexo grupal!!!!! E cliente, se pegava com borduna!

Aí eu comecei a redigir uns textos, a princípio com a escrita cuneiforme dos sumérios, depois com os hieróglifos egípcios. Cara, como tinha job naquela época! A gente trabalhava como um camelo, sempre entrava areia no negócio, mas tinha lá suas compensações: os salários, por exemplo, eram faraônicos, pra compensar a falta de talento de um monte de múmias paralíticas que estavam na profissão por contingência, apenas. Poderiam ser o que hoje equivaleria a donos de pet shops, postos de gasolina, fábrica de edulcorantes para doces ou loja de equipamentos de proteção industrial.

Mais pra frente, pra compreender melhor o mundo, estudei Filosofia com um tal de Sócrates, que, tadinho, acabou se suicidando tomando sicuta. E aprendi muito também com outro tiozinho, como era mesmo o nome dele? Ari... Aristóteles! Isso!

E assim, escrevi um monte de coisas bonitas, aprendi a dialética, os sofismas, a lógica, a ontologia e outros nomes difíceis que só os filósofos entendem. Duvidam? Tem um texto de Kant, cujo título é, pasmem: "PROLEGÔMENOS ANTE QUALQUER TENTATIVA DE DIALÉTICA FUTURA! Depois, fui escrevendo cartas para reis. Enchia o saco escrever tanta carta pra reis, aquela coisa toda de botar selinho com cera quente, que queimava as mãos, sempre! E na Idade Média, não tinha jeito: se o neguinho era redator e queria trampar em agência, só poderia ser na Casa do Vaticano. E quem aprovava tudo era o Papa. Não adiantava se queixar pro bispo. Mandar o dono da agência pro inferno, nem pensar! Era Inquisição na certa, inclusive com torturas hediondas como ouvir Pagode, Axé Music, Funk de Morro ou Dancinha do Quadrado no último volume. Mas o pior era mesmo ter que mudar alguns trechos da Bíblia e outros escritos, por exigência dos clientes, fora a Censura, que era pior do que nos tempos da Ditadura Militar. Galileu que o diga. E se fosse mulher e fizesse algum chá que fosse um pouquinho fora dos padrões da época, já era. Todo mundo chamava de Bruxa e o destino era morrer queimada na fogueira, como a coitada da Joanna D'Arc.

Ser redator na Idade Média era como você ter um cliente que manipulasse completamente teu texto e tua criação, desvirtuando-os do caminho original. Mas aí vieram o Humanismo, as luzes. E com eles, o descobrimento de novas formas de pensar, novos desafios. Eu fui seduzido nesta época, pelo bom português, para acompanhar as Caravelas até um lugar chamado Brasil. E não tinha opção. Se quisesse trampo, ou era Brasil, ou tinha que ir pra África, enfrentar o Nizan Guanaes.

Claro que escolhi o Brasil.

Cara, não era um voozinho de 6, 7 horas, não. Eram meses e meses! Aquelas caravelas no mar, enjôo direto, neguinho bêbado cantando insuportáveis e melosos fados, quase não havia mulher, e as poucas que tinham eram com bigode!!!! O povo não tomava banho, uma loucura! Mesmo assim, escrevi um texto bem legal, uma carta, que depois o meu diretor de criação assumiu como autoria dele (um tal de Pero Vaz de Caminha). Lá na agência do Brasil, era tudo diferente. Tinha umas índias bonitinhas, bem bronzeadinhas, praias maravilhosas. Todo mundo queria Leão, apesar de só ter onça. E em fevereiro, não se pensava em outra coisa senão o Carnaval, que foi criado para alegrar a galera, fazer o povo esquecer a opressão da Coroa Portuguesa e gerar emprego para redatores como eu criarem os temas, e pros diretores de arte, fazerem os adereços, as fantasias etc. Hoje, muito tempo se passou. Vi a mudança da prancheta, do rough a lápis, do scratch-board, das manchas de layout com guache Winsor & Newton e pincéis de pelo de marta, para a radical transformação com os computadores, as workstations, o universo virtual. Muita coisa mudou. Mas um detalhe continua o mesmo, em meu íntimo: o entusiasmo pela profissão. E confesso que, apesar de me considerar com muito orgulho uma espécie de Matusalém da Propaganda, ainda estou tão antenado quanto os mais jovens das tribos de vanguarda por aí. A única coisa que atesta minha hiperlongevidade é quando eu comento alguns seriados com a moçada "Pós-Lost" nas agências. Eles me olham com expressão atônita, quando comento sobre Ivanhoé - o Cavaleiro Destemido, Flash Gordon, Bat Masterson, Túnel do Tempo, Perdidos no Espaço, Viagem ao Fundo do Mar, National Kid contra os Incas Venusianos, Vigilante Rodoviário, Rin-Tim-Tim, Autorama, Forte Apache.

É... acho que não tenho idade. Tenho eras vividas. E qualquer oitentona pra mim é gatinha.

Caio Teixeira é redator, escritor e também já atuou como diretor de criação em várias agências em 30 anos de carreira, atendendo a todo tipo de job, desde anúncio de cachorro perdido até grandes campanhas, algumas adaptadas para toda a América Latina. Hoje, procura unir esta experiência com a ousadia do novo, e ainda se sente como se tivesse 15 anos, fugindo de bingos, víspora, bocha, quermesses e praças públicas como o diabo foge da cruz. http://teixeiracaio.sites.uol.com.br

quinta-feira, 16 de julho de 2009

A SOCIEDADE IMAGÉTICA E A INFORMAÇÃO INSTANTÂNEA.

Uma imagem vale mais do que mil palavras. Pode ser desalentador para redatores como eu, que sempre tiveram os títulos em destaque e laudas de texto que pareciam livros, de tão extensos, estampados em layouts onde as imagens (ilustrações ou fotos) eram meros coadjuvantes. Mas os diretores de arte se vingaram, e a comunicação mudou. Ela hoje privilegia a imagem sobre o texto, e isto quando tem texto! Até meu portifolio se rendeu a esta dança, e tem um anúncio pro Green Peace que segue esta tendência: imagem de um peixe do Pantanal, com uma máscara antipoluição e assinatura. Só. E diz tudo.

Esta tendência não surgiu do nada. É fruto de nossa sociedade imagética, que gera um verdadeiro congestionamento de ícones e mensagens bombardeando as pessoas diariamente. Parece a Avenida 23 de Maio em São Paulo na hora do rush. Esta superexposição de imagens está presente em tudo: na TV, celular, computador, outdoor, adesivações em lugares inimagináveis, ações de guerrilha com um grupo de teatro em intervenção urbana, malas diretas com o nome da própria pessoa, enfim, este fantástico e sedutor universo multimídia faz com que as mensagens sejam cada vez mais instantâneas, e neste exercício de síntese, elas devem ser resumidas ao máximo. Isto por um lado é bom, porque nos dá uma visão panorâmica e geral do mundo, do ponto de vista de diferentes culturas que a globalização e a internet (e hoje o Twitter, Facebook e demais redes de relacionamento), aproximou. E mais do que aproximar, promoveu a interatividade, superando o velho conceito de McLuhan, de emissor-receptor, para ação – interatividade – reação. As mensagens publicitárias são cada vez mais adaptadas a esta linguagem. Quando tem um título, é curto, e diz tudo, sem a necessidade de um texto complementar. E nos vídeos, a síntese também é a tônica. Muitas imagens, cortes rápidos, histórias óbvias. A dinâmica dos vídeos e filmes segue o mesmo estilo de Hollywood, com cenários incríveis, muitos cortes e histórias fáceis, em contraposição a uma estética mais de cinema europeu, reflexivo, denso.

Isto gera um questionamento essencial: até que ponto esta instantaneidade da informação não suprime um aprofundamento maior do conteúdo?

E até que ponto a informação não vem pré-digerida demais, sem abrir espaço a um questionamento maior do que é percebido?

Os noticiários de TV passam tudo o que aconteceu, de forma enlatada. “o mundo é assim, fulano é o bonzinho, sicrano o mauzinho e a tendência é x.”

Tudo pronto. A pessoa não precisa nem pensar. Pesquisa escolar ou de trabalho? No buscador da internet, em segundos vem o que a pessoa procura, e aí é só mover os dedinhos nas teclas “Control C” e “Control V”. Fácil. Mas esta dinâmica vertiginosa das comunicações não pode descuidar da essência, que é a informação como conhecimento. É preciso promover um equilíbrio entre informação e entretenimento, e isto serve tanto para os veículos de comunicação quanto para as agências, com suas campanhas. Não abdicar nunca do debate, da informação, da curiosidade, do bom roteiro e da boa ideia (agora sem acento, mais essa!!!) que supera qualquer efeito especial, qualquer 3D, qualquer verniz de reserva, que, como toda droga, vicia, ilude, mas não resolve nenhum problema e ainda faz mal. Chegou a hora de nos desintoxicarmos desta síntese que tem até uma boa embalagem, mas é vazia por dentro. Porque senão, o homem vai deixar de falar para se comunicar por mímica (o primeiro passo desta involução é a linguagem telegráfica do MSN). E daí, vai deixar de ser comunicação e ficar mais próximo do “uga-uga” do Tempo das Cavernas.

Ler não dói. Não passa doença contagiosa.

E cultura não é só o próximo passinho que vão inventar no Carnaval.

Caio Teixeira é redator, escritor e também já atuou como diretor de criação em várias agências em 30 anos de carreira, atendendo a todo tipo de job, desde anúncio de cachorro perdido até grandes campanhas, algumas adaptadas para toda a América Latina. E ainda lê livros!!!.http://teixeiracaio.sites.uol.com.br