quarta-feira, 16 de setembro de 2009

SOU TÃO BEM-HUMORADO QUE DOU BOM DIA ATÉ PRA PEIXINHO EM PET SHOP.

Pense em um cara bem-humorado. Aquele que, quando a conta do banco estoura, quando o cheque do pagamento é devolvido, quando acorda atrasado com torcicolo, sai a pé em pleno temporal, abre o guarda-chuva chinês e as varetas ordinárias quebram, molhando todo, e ainda por cima o carro passa numa poça na avenida e dá outro banho, e ainda assim a pessoa sorri, ante os olhares atônitos dos demais pedestres? Pois é. Eu sou assim. Até lembro aqueles personagens bem clichês de propaganda de clínicas odontológicas ou de implantes, tipo “Sorria Para a Vida”. Um diretor de arte amigo meu já disse que eu sou irritantemente bem-humorado desde as primeiras horas da manhã. E é verdade. As pessoas até estranham de eu falar “bom dia” para o cobrador do ônibus, o motorista do táxi, o embalador e a moça do caixa do supermercado. Todos estranham. Porque NINGUÉM, hoje em dia, nesta face da Terra, fala bom dia. Os homens parecem ter azia e ressaca permanentes. As mulheres, aquela expressão sisuda e sofrida de cólicas eternas. E os gays, aquele olhar de tédio.E eu, pareço ter saído de uma câmara hiperbárica! Sou um estranho no ninho, como no clássico filme. Sorrio sempre. Mesmo quando o cliente altera meu texto (pra pior), quando o atendimento não passa briefing, quando a gente apresenta uma campanha completa que demorou dias e o cliente fala que só quer fazer uma malinha direta, e o logotipo, o filho dele, que tem uma versão (ou será aversão) do Corel, faz de graça. Nada disso, nada na face da Terra, nem a Dança do Quadrado ou o Big Brother me tiram o humor. Graças a Deus, que também deve estar dando risada, de tanta gente mal-humorada que tem por aí.

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